terça-feira, 10 de junho de 2014

Gastrostomia - 1ª parte - A decisão



Já prestaram atenção que quando focamos em um assunto parece que o mundo inteiro fala sobre isso também? Tem sido assim com a gastrostomia. A mama  acabou de colocar e está aparecendo um monte de gente falando no assunto. Acho engraçadas essas “coincidências”...  Por isso resolvi escrever um pouco sobre a tão falada GTT – como é chamada pelos médicos e equipe de enfermagem.

Minha proposta hoje é contar só como decidimos e como ela foi feita. Em pouco tempo mostro como é a GTT da minha mãe e os cuidados que estamos tendo. Quero trazer esse tema dividido sob vários aspectos: cuidados necessários, benefícios e consequências. Eu ainda entendo muito pouco, mas já dá para postar alguma coisa.

Primeiramente tenho que apresentá-la a vocês: A nossa gastro tem um nome: Erica. Nenhum motivo especial, mas gastrostomia é um nome muito longo, GTT é muito técnico, e Erica fica bem mais íntimo.

Ela assusta, mas nem mais nem menos que cada novo item que a AMS nos faz incluir em nossas vidas. Bengala, andador, espessantes, fraldas, cadeira de rodas... Todos acessórios necessários, desagradáveis, mas, sobretudo adaptáveis. A GTT é mais um deles – que diante da realidade vem para fazer um bem.

Há quase dois anos o nosso neuro conversou com a minha mãe sobre o assunto. Ela nem quis saber. Respeitamos,pois ainda engolia bem. .
Há um ano e meio esteve internada por um mês, colocou a sonda nasoenteral via endoscopia, e no centro cirúrgico ouviu os médicos dizerem que ela quase morreu porque a saturação tinha caído muito. Nessa endoscopia verificaram comprometimento em suas cordas vocais, e nos informaram que se a colocasse em decúbito (deitada de barriga para cima em 180 graus) a língua dela relaxava e tapava a saída de ar. Informação preocupante. Retirou a sonda nasoenteral, voltou comendo para casa, e de lá pra cá só piorou. 

Chegou a ficar um dia inteiro sem se alimentar, e de 07 horários de medicamento (mais de 20 comprimidos/dia) perdia mais da metade. Voltamos a falar sobre a gastro, e ela aceitou. 
Em janeiro internamos. Diretamente do centro cirúrgico o médico ligou para o quarto e me disse que não estavam conseguindo fazer com anestesia local, e que se dessem anestesia geral ela correria sério risco de sair com a traqueostomia. Explicação dele: devido ao comprometimento que ela tem nas cordas vocais, quando colocarmos o tubo da anestesia geral a musculatura dela irá se acomodar, e dificilmente conseguiremos extubá-la, só com a traqueo.” Mandamos parar tudo e levamos nossa mama para casa.
Não desistimos. Fomos em um otorrino que nos alertou sobre outras possibilidades. Consultamos alguns gastroenterologistas e hoje, seis meses depois da última tentativa, a gastro foi colocada! Como? 

Minha mãe aguentou o tubo da endoscopia sem anestesia, nem local. Claro, vai uma xilocaína, algo parecido, mas só. Ela foi muito valente. A anestesia foi só no estômago, para fazer a perfuração. O combinado era de que se ela sentisse muito incômodo, faria um sinal para meu irmão – que estava com ela no centro cirúrgico – e então seria entubada. Antes de entrar já tinha decidido  correr o risco da traqueo. 

Porque esse risco? Hoje posso explicar melhor. Além daquela acomodação - que é um risco real - há ainda outra questão. Quando da retirada do tubo da anestesia a pessoa tem que responder rapidamente. Um reflexo rápido, uma tosse, algo do tipo,que a faça respirar naturalmente sem ajuda. A minha mãe não tem mais esse reflexo rápido. Nem tosse quando quer, a não ser que seja provocada. Fazendo como fez saiu do centro cirúrgico direto para o quarto. :)))

Até dar tudo certo vivi uma angústia constante. Quando passaram a nasoenteral com todo aquele sacrifício, não pude evitar pensar “se soubéssemos que seria tão difícil já deveríamos ter colocado a gastro. E agora? Como faremos quando ela não conseguir mais comer?”
Da segunda vez, quando mandamos parar tudo e praticamente demos alta do hospital pensei “E agora? Esperar ficar desnutrida e com fome em casa?” É desesperador. Já digo logo, não dá para saber a hora certa. Talvez o neurologista estivesse certo, há dois anos... Ou não, porque deu tudo certo agora. O que eu sei é que é uma decisão difícil. Muito difícil.
Em casa sempre respeitamos a vontade da minha mãe. Ainda bem, porque confesso que eu mesma não saberia o que fazer.

O que posso adiantar é que tem várias formas de ser feita. Não se resume apenas em duas opções, via endoscopia ou com anestesia geral, mas sim em ter uma boa dupla: Bom ENDOSCOPISTA + Bom ANESTESISTA. São muitas opções. A dosagem da anestesia, a posição na cama, a boa vontade, a paciência e persistência... É isso que faz a diferença.

Já adianto que nos primeiros dias parece que é tudo difícil. Excesso de esterilização, cuidados com infecção, horários, decisões sobre como fornecer o alimento - seringa, bomba de infusão ou frasco de soro - etc. Tudo isso parece que tirará a família - e cuidadoras -  fora do controle. Só parece. Depois de alguns dias tudo ficará bem. Não só o trato com a GTT - no nosso caro com a Erica - fica fácil, mas o gostoso é o alívio que dá saber que nossa pessoa amada está alimentada, medicada e hidratada. Mais ainda... Dez dias depois a diferença de uma boa alimentação é vista NITIDAMENTE!!! Na fisionomia e na disposição. Acreditem!



No final de semana contarei como estamos.

Abraços a todos.

Fiquem com Deus.

2 comentários:

  1. Hola Anali, cómo estás?
    Escribí hace unas semanas atrás.
    Mi mamá ha bajado mucho de peso y el médico ya nos habló sobre la opción de la GTT, sin embargo nos da mucho miedo el efecto que pueda causa la anestesia, puesto que en dos operaciones anteriores (cuando aún estaba sana -más de diez años atrás-) le dio hipotermia en recuperación, y ahora que con la enfermedad la hipotensión se ha acentuado creemos que eso podría ser peor.
    Creo que tu madre fue muy valiente al querer hacer la GTT sólo con anestesia local, no sé si la mía se atrevería. Ella era la mujer más valiente que he conocido, pero esta enfermedad acabó con eso, su energía y autoestima. Hemos conversado sobre la posibilidad de incorporar la GTT pero tanto ella como nosotras no queremos.
    Durante el lunes y el martes no se sintió bien, tuvo visión borrosa y sentía la cabeza extraña. Ha estado con dolor en sus articulaciones y la noto cada día más cansada. Dijo que ya no quiere más guerra y que ve un mes como una eternidad. Mi mamá este año cumple 7 años con la enfermedad y su deterioro en el último tiempo ha sido impresionante.
    Espero poder estar más en contacto, ahora le di me gusta a la página de facebook, pues siempre estoy mucho más conectada a esa red social.
    Saludos para ti y tu madrecita desde Santiago (Chile).
    Camila Nohra C.

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  2. Oi Camila, como está? Eu sempre respondo aos comentários. Eu recebi sua mensagem, mas se você não clicar aqui em baixo onde está escrito "notifique-me" ou se não entrar no blog para ver minha resposta, acaba não enxergando o que eu respondi.
    Entendo totalmente sua preocupação. A anestesia é a maior delas. A pressão da minha mãe sempre foi um pouco mais baixa, e os medicamentos baixam mais um pouco, por isso ela faz uso contínuo de um medicamento para estabilizar. Sua mãe toma algum remédio para isso?
    Olha, Camila, se sua mãe não está mais conseguindo comer nada acho que vale a pena conversar com outros médicos. Como eu escrevi, não existe apenas uma opção de anestesia. Tem muita coisa por aí, temos é que procurar muito até encontrar uma boa equipe. A sonda nasoenteral pode ser uma opção. Ela é colocada sem anestesia nenhuma, como se fosse fazer uma aspiração. Já pensaram nisso? É mais incômoda, porque sai do nariz, mas acho que podem pensar nisso também.
    Podemos conversar mais sobre isso se quiser. Pense nessas possibilidades que te falei.

    Minha mãe está com a doença há 09 anos, contados desde o primeiro sintoma, ou melhor, desde o primeiro diagnóstico, que foi de parkinson.

    Já viu a página no facebook? Sempre que publico aqui compartilho lá também.

    https://www.facebook.com/vivendocomams

    Me dê notícias.
    Beijo grande!

    Anali

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