Sempre falando da AMS, mas não só de seus sintomas.
Essa doença exige cuidados, exercícios, fono e muitos medicamentos, mas traz a necessidade de termos ajuda.
Em casa precisamos trabalhar para proporcionar tudo que minha mama precisa, e para ter sossego conto com a ajuda de cuidadoras que são verdadeiras companheiras nessa luta.
A primeira ajuda que recebemos foi da Elen (Elizangela Gomes), que trabalhou em casa por mais de 09 anos. Precisou ir embora. Ela nos ajudava em tudo. Se interessou em aprender a cuidar da minha mãe, aprendeu com a gente, e desempenhava muito bem todos os cuidados necessários.
Elen, obrigada! Sentimos saudade.
Depois dela veio a Néia, que está com a gente há mais de um ano.
Sobre a Néia... Ela precisou se adaptar, e nós também. É estranho ter alguém em casa fazendo as coisas que nós fazíamos. "Terceirizar" os cuidados da própria mãe é difícil, como também deve ser ter alguém estranho te dando banho e trocando sua fralda. Imagino como foi também para a própria Néia, que se deparou com alguém que mal falava e era totalmente dependente dela.
Sobre a Néia... Ela precisou se adaptar, e nós também. É estranho ter alguém em casa fazendo as coisas que nós fazíamos. "Terceirizar" os cuidados da própria mãe é difícil, como também deve ser ter alguém estranho te dando banho e trocando sua fralda. Imagino como foi também para a própria Néia, que se deparou com alguém que mal falava e era totalmente dependente dela.
Por tudo isso acho que vale a pena lermos como é tudo isso para a nossa cuidadora. O que ela precisou entender, quais habilidades precisa ter, e o que pode tirar de bom disso tudo. Eis seu depoimento.
"Comecei a trabalhar cuidando da
Regina em março/2013.
No início pensei que não
conseguiria dar conta, devido à limitação na fala, mas depois de uma semana já
conseguia entender o que ela falava. Hoje estou entre as pessoas que entendem
melhor – eu e os filhos dela.
A Regina costura,
cozinha, e não tira nem uma soneca à tarde. Estranhei isso também. Nas
primeiras vezes que ela pedia para ir até a cozinha não entendia muito bem onde
isso ajudaria, já que era eu quem faria tudo. Nem ia dando pulos
de alegria, mas conversando com a Anali e vendo a felicidade da Regina aos
poucos fui entendendo. Ela sabe todas as receitas. Ajuda lavando um legume e
acompanhando a consistência do alimento. Já começa a curtir antes, pensando no
prato – mesmo que não consiga comer. Tive que me adaptar
a Regina. Na cozinha sou seus braços e suas pernas, mas a realização é dela.
Ela é diferente de
todas as pessoas que cuidei.
Ela também vai para
a máquina de costura. Eu apenas coloco a linha. Fico do lado, seguro um
paninho, mas todo o restante é a Regina que faz. Vejo nela tamanha satisfação
nesses momentos que me alegro em proporcionar isso a ela.
A Regina tem muita
disposição. Aprendo bastante lá, porque me interesso pelo assunto. Não fico só
esperando acabar a fisioterapia ou fono, mas presto atenção e somo reforçando
tudo ao que ela já faz. Tem dias que ela só
quer ficar na cozinha ou na costura, e não queria fazer nenhum outro exercício.
Tive que me adaptar a isso também. Passei a observar coisas que ela mais gosta
de fazer e respeitar suas vontades.
Não posso dizer que
é fácil, ou que não cansa. Às vezes tem dias que ela não está tão disposta, em
outros preciso fazer mais força, mas para estar a tanto tempo na mesma casa,
cuidando de um paciente com doença tão complexa, preciso contar sempre com o apoio
da família, além de estar sempre alegre, cuidar da minha saúde e interessada em
aprender.
Hoje vejo o quanto
é importante estarmos atentos aos nossos queridos, para dar – talvez não seja
essa a palavra, mas sim retribuir a eles tudo que nos tem ensinado.
Obrigada Regina."