É isso mesmo. De repente, não mais que de repente, a voz começa a ficar
embargada, o som sai baixinho, e as palavras não são pronunciadas de maneira
tão inteligível. Eis aí mais um sintoma da AMS. Para alguns trata-se de distúrbio da
voz.
Por que acontece? Pode ser por uma causa isolada ou uma soma de fatores.
- Para emissão da voz, a função respiratória precisa estar funcionando
muito bem, o que muitas vezes não ocorre. Podemos ter uma movimentação reduzida
da caixa torácica, causada por uma rigidez muscular, então as frases mais
longas começam a cansar. A respiração fica curta. O portador da doença sente necessidade de falar frases curtas, parar e respirar, para então falar novamente.
- O problema pode estar também na região da laringe ou pregas vocais.
Essas estruturas devem estar funcionando de maneira integrada. Qualquer
alteração, seja uma abertura maior ou menor nas pregas vocais, por exemplo, já
transformará a voz. Ela pode ficar como um sopro.
- Por fim, para a clareza da palavra a articulação é essencial. Na AMS a
musculatura se torna um pouco rígida, fica um pouco mais lenta, modificando o movimento do lábio e da língua, e isso atrapalha na fala também.
Posso contar da nossa experiência. Foi muito rápido. Entre falar
"direitinho" e quase não falar foi uma questão de meses. Minha mãe parou de abrir tanto a boca, e começou a cansa rápido demais. O que fazer?
Em minha opinião há três coisas a serem feitas:
A primeira é aceitar. Faz parte do
"pacote" da AMS. Aceitar sempre ajuda a lidar com qualquer situação.
Brigar é pura perda de tempo, cansa, desgasta, chateia... E negar atrapalha,
porque se não enxergamos a realidade não buscamos soluções. Aceite! Ajudamos
mais assim.
A segunda é agir. FONO IMEDIATAMENTE!! No primeiro
pequeno sinal de alteração, seja na articulação das palavras, no tom da voz,
até no ritmo, fono já! Os mesmos exercícios que publiquei na postagem anterior
servem para o problema de fala, porque trabalham com todos os músculos que
utilizamos para emitira palavras.
A terceira é adaptar. Por mais esforço que minha mãe faça, muitas vezes
a voz não sai. Temos a nossa linguagem de sinais (o ok, não, chega) e a nossa super
plaquinha. Recebemos de uma das fonoaudiólogas que nos ajuda uma plaquinha
feita em papelão, de tamanho um pouco menor que metade de uma folha sulfite.
Nela estavam as letras do alfabeto em ordem sequencial, mas meu irmão - muito
criativo - melhorou muito essa plaquinha.
Abaixo está a criação do meu irmão, adaptada à nossa realidade. Fez várias
delas (temos no quarto, na sacola de sair, na sala, no banheiro) e plastificou
todas. Isso significa que elas podem ser molhadas e podem até ficar sujas. Basta um álcool e um paninho
seco que fica tudo em ordem!
As letras acompanham a disposição do teclado, o que ajuda bem, já que
minha mãe usa ipad. Tem algumas frases mais ditas, pessoas mais solicitadas, e
pedidos mais comuns.
Eis a foto para o caso de alguém se interessar.
Foi tirada em cima de uma capa de um ipad, para que tenham noção do tamanho dela.
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FRENTE DA PLAQUINHA |
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VERSO DA PLAQUINHA |
A plaquinha não pode de maneira nenhuma substituir a fala. Cuidado com isso. Não podemos também tentar adivinhar o que está sendo escrito com a plaquinha. Temos que ter a paciência de ler letra por letra, respeitando o ritmo de quem escreve, seja qual for a forma de comunicação.
Quanto aos exercícios de fono, não pretendo repassá-los porque não é minha especialidade, mas
posso dar algumas dicas:
- Preguiça nunca. O portador de AMS deve procurar falar sempre FORTE.
Pensar FORTE e falar FORTE.
- Esforço sempre. Fortalecimento da musculatura é essencial. Acho ótimo aproveitar momentos
"desocupados" para fazer movimentos simples. Alguns deles que podem
ajudar bem na articulação: Forçar sorrisos, fazer bicos e abrir bem a boca são
bons exemplos.
- Rotina. É muito importante a prática diária. Três vezes por
dia, dez minutinhos por vez, são suficientes. Atenção para não forçar demais.
Temos que lembrar que estamos falando de musculatura, que não pode entrar em
fadiga.
Falamos sobre isso TODOS OS DIAS em casa, sempre lembrando minha mãe da
importância disso tudo. Ela sabe os exercícios decor. Às vezes escutamos um zunzunzum, e é ela fazendo fono. Ela mesma sente o quanto a prática constante ajuda.
Para nós deixo apenas duas dicas para nós: Paciência e
fé!
Vamos em frente.
Espero pelas dúvidas, sugestões, comentários e contribuições sobre o
assunto.
Deixo ao lado o site da Associação Brasil Parkinson, onde tivemos nosso
primeiro contato com exercícios para a fala, e da agência de cuidadoras, que
tanto me ajuda.
Abraços a todos, fiquem com Deus.
Anali